sábado, 1 de maio de 2010

REPORTAGEM, como se faz

A reportagem é a história de várias histórias entrecruzadas.
Trata-se de uma narrativa, cujos principais objetivos são informar e fazer compreender o que de importante ou interessante aconteceu num determinado lugar, durante um período de tempo, com certo número de personagem dentro de um enredo.
O repórter tem de dominar a técnica da narrativa, pois relata fatos, transmite emoções e impressões, descreve lugares e pessoas, enfim conta à vida real.
Estamos, falando de uma narrativa, cujos principais objetivos consistem em informar e fazer compreender o que de importante ou meramente interessante se passou:
- num determinado local (o cenário ou ambiente);
- durante um período de tempo;
- envolvendo certo número de agentes (protagonistas e atores secundários);
- e com um enredo (a sucessão de cenas em que se desdobra a ação).

Porque relata fatos, transmite sensações, emoções e impressões, descreve lugares e pessoas, reproduz diálogos, desmonta situações, enfim, conta retalhos da vida real, o repórter tem de dominar a técnica da narrativa.
“Mas vamos por partes.”
O QUE É NECESSÁRIO
Amaral (1997) relaciona os seguintes requisitos para a reportagem:
Capacidade intelectual – O profissional tem que por à prova todas as suas aptidões, a fim de abordar convenientemente o tema e esgotá-lo até os últimos limites.
Observação atenta – Aí entra em jogo a capacidade que tem o repórter de ver. A bagagem intelectual e as informações prévias sobre a questão facilitarão ao repórter discernir o que é principal e secundário durante o trabalho de campo e em meio a um mundo de informações. Agir com toda a curiosidade exigida pelo jornalismo.
Sensibilidade – Embora influenciada pela bagagem cultural, é pessoal, íntima, não pode ser ampliada com simples regras de comportamento. Esta faculdade ou o repórter a tem ou não a tem, é o caso do músico, do pintor ou do escritor.
Criatividade – Toda a articulação e exposição do tema precisa assentar-se em bases reais, do contrário seria uma negação mesma do jornalismo. Impõe-se a reconstituição honesta dos fatos e do clima em que se desenrolam. Por maiores que sejam a imaginação e a técnica narrativa do repórter, seu dever fundamental é com a verdade. Para cumpri-lo, necessita ter coragem e dizer “isto eu vi”, “isto me contaram”, tal como fez Pero Vaz Caminha.
Narração fluente – A informação bruta transforma-se em reportagem através da narração fluente. O repórter não deve mostrar muita preocupação com a forma, mas tem que saber expor os fatos de maneira que o leitor se sinta atraído do princípio ao fim do texto.
COMO FAZER
O planejamento, a partir da pauta, é fase essencial da boa reportagem. É o plano que vai dirigir a pesquisa de campo e orientar as ações futuras do trabalho, evitando perda de tempo.
Antigamente a pauta era uma "camisa de força" da qual o repórter não podia se desviar um milímetro. O repórter do grande texto precisa ter autonomia para reinventar a pauta quando for necessário. Às vezes o repórter faz uma longa viagem e se a pauta furar caberá a ele a iniciativa de criar outra adaptada ao contexto em que se encontra, comunicando ao editor. Naturalmente o jornal e os leitores esperam essa criatividade do jornalista.
Além de discutir a pauta com sua equipe, o repórter precisa contar com bom espírito de cooperação para trabalhar em grupo. Mesmo quando a reportagem exige um trabalho solitário de apuração, o repórter precisa contar com uma retaguarda na redação que vai desde o contato responsável pela liberação de recursos até a movimentação de fotógrafos, do Departamento de Arte ( que pode ir adiantando a ilustração da matéria ), o pessoal de pesquisa ( que vai buscando dados para completar a matéria se a publicação é urgente ) etc. O jornal é uma grande equipe e a função das chefias é fortalecer a cooperação interna.
Na hora de transformar as anotações no texto da grande matéria, o redator deverá seguir um novo planejamento, discutindo com o editor da área a melhor abordagem, o ângulo da matéria, os destaques principais, afinal, a isotopia do texto, o eixo em torno do qual ele vai girar.
Fatos de última hora podem determinar alterações nos destaques principais, daí a importância da sintonia com os dirigentes da redação.
O moderno processo gráfico dá ao repórter e ao editor de arte possibilidades muito amplas de tratar a matéria visualmente para que tenha boa estética na página, agradando ao leitor não só pela forma da narrativa como também pelas ilustrações, tamanho do corpo, inserções de "olhos" ou "janelas" , linhas finas, legendas criativas, Box explicativo, quadro de serviço etc.
A reportagem é sempre um gênero informativo acrescido de interpretação e opinião. De acordo com o assunto tratado, poderá ser também um texto recreativo, pois a crônica social, a crônica esportiva, o texto cultural também pode ter a forma de reportagem.
O que caracteriza a reportagem é a quantidade de dados nela contidos a partir do trabalho de campo.
Pode-se fazer a notícia, a coluna ou a crônica sem sair da redação ou do escritório do produtor independente ( como está virando moda ), usando apenas o telefone, o fax, o computador, a Internet, a biblioteca, os jornais do dia etc. Mas é praticamente impossível produzir uma grande reportagem sem árduo trabalho externo, de rua. Daí vem a riqueza de dados da reportagem. É ela que sustenta o jornalismo, naquilo que ele tem de melhor.
"Trabalho de rua" é tomado como sentido figurado, segundo Clóvis Rossi no prefácio do livro "A Aventura da Reportagem"( DIMENSTEIN, Gilberto e KOTSCHO, Ricardo. São Paulo: Summus, 1990) : "Rua pode ser a rua propriamente dita, mas também pode ser um estádio de futebol, a favela da Rocinha, o palanque de um comício, o gabinete de uma autoridade, as selvas de El Salvador, os campos petrolíferos do Oriente Médio. Só não pode ser a redação de um jornal".
Entre os requisitos da reportagem destaca-se o aspecto humano. O repórter usa máquinas para coletar os dados; usa máquinas para redigir a matéria; o jornal usa máquinas para imprimir e distribuir suas edições; o leitor usa máquinas para ir até a banca comprar o seu exemplar...mas ninguém escreve para máquinas. Escreve-se para pessoas de carne e osso, que se definem por variáveis de idade, sexo, classe social, aspirações, situação econômica, local de residência, escolaridade, opção política, formação cultural etc.
Essas pessoas se interessam pelo drama vivido por outras pessoas porque, de algum modo, sentem-se envolvidas com os fatos na imensa aldeia global onde tudo afeta a todos cada vez mais. Por isto as agências e os jornais exploram o lado humano de suas histórias, despertando o interesse dos seus leitores, apesar de serem acusadas de estarem explorando a miséria alheia.
Segundo Clovis Rossi "reportagem é uma coisa paradoxal, por se tratar, ao mesmo tempo, da mais fácil e da mais difícil maneira de viver a vida. Fácil porque, no fundo, reportagem é apenas a técnica de contar boas histórias. Todos sabem contar histórias. Se bem alfabetizado, pode-se até contá-las em português correto e pronto: está-se fazendo uma reportagem, até sem o saber. Difícil porque o repórter persegue esse ser chamado verdade, quase sempre inatingível ou inexistente ou tão repleto de rostos diferentes que se corre permanentemente o risco de não conseguir captá-los todos e passá-los todos para o leitor".

2 comentários:

  1. gostei muito do blog pois fez com que eu aumenta-se meu conhecimento na nova ortografia

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  2. adorei o blog assim a gente aprende mais
    e tem a comunicação bem mais a proveitosa

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